sábado, 22 de janeiro de 2011

Falta prevenção

Diário Catarinense, 20 de janeiro de 2011, coluna do Moacir Pereira, página 5:

Impressionantes os estragos e transtornos que as enxurradas causaram em Florianópolis e Criciúma. Surpreendente o volume de precipitação dágua. Foram 180 milímetros em Criciúma e 80 milímetros em Florianópolis. Na Capital, 40% a mais do que o nível médio do ano. Mas repetitiva a intervenção das autoridades em relação a estas rotineiras calamidades. A própria Defesa Civil, que tem realizado um trabalho sério e produtivo, arrisca-se a cair na mesmice que fragiliza a Fatma (Fundação do Meio Ambiente) em relação às praias poluídas. Todos os anos é a mesma história. Faz o exame laboratorial da água recolhida nas praias do litoral e coloca placas anunciando as que estão poluídas. Fica tudo como está. Não acontece absolutamente nada. Os órgãos ambientais e de saúde pública, que tinham a obrigação de identificar os poluidores e puni-los exemplarmente até de forma pública para servirem de exemplo e dar às penalidades um caráter pedagógico omitem-se de forma lamentável. Entra ano e sai ano, começa e termina a temporada... e a ladainha não muda.

Com a Defesa Civil é a mesma coisa. Está faltando mais ação, mais planejamento, mais tecnologia e, sobretudo, mais prevenção da Coordenação Estadual da Defesa Civil e de suas filiadas municipais.

A primeira obrigação da Defesa Civil é cientificar-se, hora a hora, da previsão meteorológica. O comentarista Leandro Puchalski, formado em Meteorologia pela Universidade Federal de Pelotas, avisou no Jornal do Almoço da RBS TV, que haveria um forte temporal na noite de terça-feira. Algum alerta foi acionado? Todas as comunidades ribeirinhas e residentes nas encostas dos morros tiveram a informação. Pelo que se viu, o SOS entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Aliás, nem entrou. O prefeito Dário Berger estava em São Paulo tratando da saúde do filho menor. O vice João Batista Nunes dando posse ao vereador Márcio de Souza na Secretaria de Turismo de Florianópolis. E os vereadores, cuidando do inquérito sobre a denúncia de compra de votos para a eleição da nova mesa da Câmara Municipal.

PRIORIDADE?

É verdade que caiu água demais em Criciúma. Mas ali, como de resto nos demais municípios vulneráveis do Estado, a situação se repete. O poder público não faz um trabalho permanente, nem contrata uma empresa para manter as galerias pluviais desobstruídas. Também não cuida de manter limpas as bocas de lobo para facilitar o escoamento das águas. Nem contrata técnicos para examinar as zonas mais sensíveis.

E, para completar, a falta de educação da população. Gente que joga tudo na rua, que atira até sofás e fogões nos riachos e mangues, que não procura colaborar nas ações preventivas. Secretaria da Educação, igrejas, ONGs e Defesa Civil já realizaram algum trabalho sério de educação das crianças e dos adultos na linha da prevenção para evitar esta tragédia do Rio que comove a nação e o mundo?

Impactados pela maior catástrofe já registrada no Rio de Janeiro, o que fizeram o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes? Contrataram outra vez a médium Adelaide Scritori e a Fundação Cacique Cobra Coral para “controlar” o tempo na Cidade Maravilhosa.

7 comentários:

Mayer disse...

Ontem, dia 22.01.2011, depois da tempestade que deixou a maioria das ruas e imóveis alagados, não só em Canasvieiras, mas em toda Santa Catarina, MAIS UMA VEZ me envolvi numa discussão com uma "senhora" turista. Pessoa tremendamente mal educada e sem a mínima consciência.
O que ela fez? Assim que as águas baixaram, na esquina da Milton L. Costa com a Madre Vilac, ela SIMPLESMENTE descartou o lixo (pote de plástico de sorvete, colherinha..) no bueiro, bem em frente à lixeira, da qual passou "batido"..
Ora bolas!!!! Cobramos das autoridades que cumpram com as suas obrigações (o que é justo),são pagos pra isto, porém quando nos deparamos com estes tipos de pessoas, dá vontade de ir morar numa caverna, conviver com os animais numa floresta, que sem dúvida, são MUITO MAIS EDUCADOS e DIGNOS!!!!

Mayer disse...

MInha esperança é que educando as crianças (como citado no artigo do Moacir Pereira), ainda possamos ter salvação.
Adultos, como esta turista (por volta de 50 anos de idade) não tem mais jeito...já faz parte da identidade pessoal destas criaturas, este tipo de atitude.

Rodrigo disse...

Concordo plenamente, Mayer. À custa de quê estamos destruindo a cidade? Só para receber turistas porcos e mal educados e fazer a felicidade de meia dúzia de comerciantes?

Em tempo, para quê diabos serve a guarita da PM na beira da praia? Domingo, por volta das 7h30, enquanto uma camionete argentina circulava com umas 10 pessoas na caçamba, fazendo barulho e provocando os pedestres, três policiais tomavam café e conversavam tranquilamente lá dentro. Hoje de madrugada, um condomínio na João de Oliveira promoveu uma "festinha" até as 3 da manhã na garagem, onde argentinos que mais pareciam hienas não foram importunados em nenhum momento por qualquer ronda policial, mesmo em flagrante delito (Decreto Lei 3688/1941, artigo 42).

Se as autoridades não cobram postura, o que esperar do comportamento de mal-educados?

Anônimo disse...

Ficamos dizendo que a culpa é das autoridades, isso soa mais como uma forma de nos esconder repassar responsabilidades, uma forma fácil de não ser responsável.
Até que usamos "responsabilidade das autoridades" está cavando nossa própria cova sem nós dar conta disso.

Rodrigo disse...

Anônimo, há alguns anos atrás telefonei para a central da Polícia Militar reclamando de um carro com o som a todo volume. Era meia-noite. A atendente do plantão foi enfática: "Só podemos deslocar uma viatura e tomar providências se o senhor for junto à delegacia fazer o B.O.". Respondi: "Então vou pegar uma barra de ferro e eu mesmo resolver o problema para não incomodá-los".

Evidentemente que não fiz isso, e ainda por cima fui advertido que poderia ser preso.
Mas enfim, a autoridade pública tem a maior parcela de responsabilidade. É ela que autoriza construções à beira-mar, em encostas de morros e áreas de preservação ecológica. É ela que se omite ao não impor o respeito e a ordem pública, e ao não dar ouvidos à população quando esta tenta evitar uma tragédia.

Não é nosso dever sair derrubando casas em cima de manguezais e dunas nem advertindo arruaceiros no meio da madrugada. Nosso dever é saber escolher os políticos e não esquecê-los depois das eleições. Qual dos vereadores veio a Canasvieiras ver os estragos e dar apoio? Onde estão Dário Berger e seus secretários quando acontece um desastre aqui? O que eles fizeram desde a última enchente a não ser jogar a culpa na natureza?

Anônimo disse...

Será que a casa do Dinho sofreu com a enchente?
A propósito, ONDE anda esse vereador?
De férias?
Ele sabe ao menos o que está acontecendo na Rua Papaquara, hoje já é segunda-feira e as [aguas não baixaram!!???
Mas as casinhas conti
nuam sendo construídas lá, sem a menor preocupação com a lei e com o que isso representa em termos naturais.
E os entulhos largados por ali, por construtoras irresponsáveis, que com certeza contribuem para o agravamento de enchentes.
Em 2008 os pescadores pegavam peixes grandes naquele rio, com tarrafas.
Hoje, o que pescam?
Resposta: POLUIÇÃO!!!!

Ari Silva disse...

O poder público não tem interesse em prevenir. Custa mais barato, melhor mesmo é depois que as desgraças acontecem, tirar comissões gordas e encher seus bolsos com dinheiro público.
Enquanto o voto for obrigatório e as pessoas não aprenderem a escolher, isso não vai mudar.
Abraços e parabéns pelos assuntos abordados nesse meio de comunicação.
Ari