Diário Catarinense, 29 de janeiro de 2011, página 4.
Saneamento em 2015 ainda será péssimo
Casan, que atende apenas 2,5 milhões de catarinenses, prevê que pelo menos 70% do esgoto que coleta vai continuar sem tratamento, mesmo daqui a quatro anos
Santa Catarina não deve cumprir uma das principais Metas do Milênio, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud): reduzir pela metade o percentual da população não atendida por esgoto sanitário entre 1990 e 2015. Hoje, só 12% da população do Estado tem acesso à rede de esgoto. Em 1990, o índice era de 9,5%.
Pela projeção da Casan, que atende 198 dos 293 municípios do Estado, 70% do esgoto que a empresa coleta continuará sem tratamento em 2015. Hoje, 19% dos 2,5 milhões de habitantes atendidos pela Casan têm suas casas ligadas à rede coletora. Para o presidente do Instituto Trata Brasil (ITB), Édison Carlos, passar para 30% é pouco. O ITB é uma organização que coordena campanhas para universalizar o acesso à coleta e ao tratamento de esgoto.
– Continuar a jogar 70% do esgoto na natureza é muito crítico. As obras são caras e demoram, mas é necessário ser uma prioridade de governo – ressalta Carlos.
Ele revela que o índice mínimo de atendimento para alcançar a meta é de 54,5%.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009 mostra que 99% da população têm acesso à rede elétrica, 89% à coleta de lixo, 84% ao abastecimento de água e 84% à telefonia fixa. Porém, só 59% dos brasileiros têm coleta e tratamento de esgoto, contando a fossa séptica, que só trata metade dos resíduos.
Para chegar a 30% de tratamento de esgoto aos clientes da Casan, serão investidos R$ 1,2 bilhão, com verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) e Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Em 2010, foram investidos R$ 45 milhões em Criciúma, São José e Florianópolis.
Se a previsão de término das obras for cumprida, o número de cidades com esgoto vai passar de 16 para 29. É um grande salto em cinco anos, mas um índice ainda pequeno. Isso significa que 169 dos 198 municípios atendidos pela Casan continuarão a lançar o esgoto na natureza.
De acordo com o diretor técnico da Casan, Fábio Krieger, desde a criação da empresa, em 1970, a prioridade foi o abastecimento de água, que hoje atende 98,8% da população. Além disso, investir em esgoto é mais caro – R$ 2 mil por habitante, o dobro do necessário para a água.
– Se optou em investir em água, para evitar as doenças que afetam as pessoas pelo consumo da água não tratada.
Mas o presidente do ITB lembra que a falta de esgoto também causa doenças, como cólera e diarreia.
Cidades de Santa Catarina optam pela municipalização
No Estado, aumenta o número de cidades que municipalizam o serviço. De 2003 para cá, a Casan perdeu a concessão de 19 municípios. Joinville é uma das que optaram, em 2005, por gerenciar o tratamento de esgoto, que atende apenas 14% dos habitantes. A Companhia Águas de Joinville prevê subir o índice para 53% até 2012.
Terceirizar foi o caminho escolhido por Blumenau, que tem apenas 6% de tratamento de esgoto. Na cidade, o consórcio liderado pela Foz do Brasil começou as obras para ampliar o sistema em julho de 2010 e pretende chegar a 60% em 2014. Já, foram construídos 20 km de rede nos bairros Vorstadt, Boa Vista e Itoupava Seca. Este ano, a previsão é sanear o Bairro Vila Nova. O orçamento é de R$ 320 milhões.
Em Palhoça, os serviços foram municipalizados em 2007, com a promessa de sanear o município em cinco anos. Mas, até agora, só o Loteamento Madri e o Condomínio Terra Nova – que reúnem menos de 5% da população – têm suas casas ligadas à rede coletora. A prefeitura se comprometeu em investir R$ 1,5 milhão para o plano executivo do esgoto do município, sem o qual não pode solicitar recursos à União e a outras fontes de financiamento.
Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis, foi um dos primeiros a municipalizar a água e o esgoto, isso em 1991, quando foi criado o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae). Depois de 20 anos, não houve evolução no tratamento de esgoto, e apenas três loteamentos têm sistema de coleta.
ROBERTA KREMER
sábado, 29 de janeiro de 2011
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2 comentários:
VERGONHA!!!!
Ari
Não dá mais nem vontade de se comentar.
Apoiado, Ari! VERGONHA!!!!
Mayer
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