Parem o mundo que eu quero descer (ou subir)!

Me considero uma pessoa forte. Sou determinada e focada nos meus objetivos já determinados anos atrás em uma daquelas esquinas da vida outurning points, como preferirem. Após profunda reflexão existencial eles se tornaram firmes e inquebrantáveis, à prova de dispersões ocasionais ou de pessoas malignas de dentro ou de fora da causa animal. Contenho os meus impulsos, principalmente os assassinos (contra quem maltrata animais indefesos), pois sei que somente as ações firmes, assertivas e bem embasadas podem mudar a vida dos animais. A emoção e as lágrimas costumo deixar para o travesseiro.
O recente caso do pitbull torturado em Canasvieiras, Florianópolis, pela omissão do dono de um depósito de ferro velho me deixou muito abalada. Baqueei e adoeci. Se as fotos do animal chocaram a todos quantos a contemplaram, imaginem ao vivo e à cores. Mas foi o fato de comprovar que existem pessoas que atingem este grau de insensibilidade para outros seres vivos o que mais me abalou. E aqui, pertinho de nós, entre nós.
O inimigo está instalado no coração dos homens e está em toda parte. É assustador. A primeira reação é a de -"parem o mundo que eu quero descer!" - não quero mais estar em um lugar onde coisas tão desumanas acontecem. A ética, que deveria reger as condutas humanas do ponto de vista moral é uma palavra que poucos sabem o que significa, as leis são obsoletas e frouxas, a educação não serve para nada, além de estimular o materialismo competitivo, e os valores estão subvertidos.
O que fazer? Nada, além de continuar. Desistir de desistir é a solução. Se desistimos a coisa pode ficar ainda pior. Troquei o sentimento de revolta e abatimento pelo de justiça e punição e porque não dizer, de vingança. Claro que é um sentimento mesquinho que não deveria existir no coração de pessoas nobres, mas sinto muito, preciso de uma válvula de escape. Ir atrás dos criminosos alivia a minha dor e confesso que saber que ele não ficará impune é muito bom.
Puxa vida...descobri que também sou má!
Mas pelo menos estarei lutando pelos animais com mais igualdade de condições.

Por Maria Graça Dutra