segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ainda sobre os sem-teto da beira da praia


Ana Echevenguá

Na sexta-feira, 29/07/2011, recebi um telefonema da imprensa. Leram meu artigo e queriam saber a localização exata dos moradores da beira da praia de Canasvieiras, Florianópolis. Pretendiam fazer uma matéria a respeito.
Indiquei o local e agradeci a iniciativa. A mídia é fundamental nessas horas. Ajuda na divulgação e solução dos problemas!
No sábado, por volta das 10hs30, o repórter ligou-me novamente. Estava na beira da praia e não encontrou nenhum sem-teto. Apenas um na avenida principal do centrinho, na sorveteria Amoratto.
Fui até o local – bar Fruto Tropical – e lá estava uma boa parte do grupo que mora na praia. Conversavam com os repórteres.
Aproximei-me para saber quando seria publicada a notícia. Disseram-me que precisavam pensar, avaliar porque:

- os sem-teto, devido ao seu estado de embriaguês, não puderam dar muitas informações;
- alguns moradores que foram ouvidos – 3 ou 4 – disseram que eles só incomodam de noite,
fazendo barulho. Durante o dia, nada fazem.

Puxa vida!, um grupo de homens, bêbados, às 11hs da manhã, numa área pública destinada ao lazer, não incomoda?
Lembrei-me de uma palavra que ouvi, há tempos, nessas audiências públicas: normose. Uma senhora disse que seus vizinhos estavam tão anestesiados com todos os impactos ambientais que experimentavam e com a omissão dos órgãos públicos que tudo parecia normal. Eram vítimas de uma “normose contagiante”.
Deve ser por isso que, em Canasvieiras, é normal o esgoto, cachorro e lixo na praia, insegurança constante, furtos e roubos, buracos nas ruas, um bando de esfarrapados debaixo das marquises e árvores...

2 comentários:

Rodrigo disse...

Ana, eu também me revolto com a passividade de parte da população daqui. Podem me criticar. Mas se não estivessem tão acomodados, esta cidade não estaria cada vez pior em questões como mobilidade e segurança. Já perdemos os postos policiais. As rondas, praticamente não existem. Daqui a pouco os sem-terra descobrem o Sapiens e não saem mais de lá... E todo mundo acha isso normal.

Sandra Petersen disse...

Para entender melhor o significado e as consequencias da normose, neste mesmo blog, em 19/09/2010 está postado um artigo com o título "A peste do século"

Sandra Petersen