Pouca gente imagina, mas, apesar da ausência de ondas e da aparência inofensiva, a praia da Daniela, no Norte da Ilha, é considerada uma das mais perigosas de Florianópolis. A praia do Forte, cenário de dois afogamentos que levaram à morte duas crianças no domingo, é considerada de risco médio. Apesar do CBMSC (Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina) avaliar que a praia é de risco baixo, o órgão anunciou, na tarde de terça-feira, o remanejamento de três guarda-vidas que irão atuar no local ainda nesta semana.
As informações sobre a periculosidade das praias da Ilha foram publicadas em 2010, em estudo realizado pelo geólogo e professor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Norberto Horn Filho. A praia da Daniela, segundo ele, é influenciada por correntes marítimas superficiais, que podem arrastar os frequentadores para o oceano com facilidade. O estudo indicou que as praias de frente para o oceano Atlântico não são recomendadas para banho, principalmente por causa do fundo irregular.
De acordo com Horn, os pontos mais perigosos são o norte da praia da Armação, a parte central do Moçambique e o centro-norte da praia Mole. “Mas, além delas, duas próximas à baía apresentam perigos: a da Daniela, bem ao sul, e a situada embaixo da ponte Hercílio Luz. Esta possui um canal com cerca de 30 metros de profundidade”, afirmou.
O perigo das correntes marítimas se espalha por toda a praia da Daniela, piorando no Pontal. “Na praia do Forte não é tão intenso, mas existe. Principalmente se a pessoa não sabe nadar e as questões emocionais influenciam no momento de voltar para a areia”, comentou o geólogo. Na Daniela, uma placa já desgastada pelo tempo tenta alertar para os perigos de nadar no local. Mas o aviso está situado na ponta mais ao Sul, longe de onde fica a maioria das pessoas.
“Sempre viemos, mas percebemos as placas e tomamos cuidado. Quase nunca nadamos aqui”, garantiu Edson Antonechen, que mora há cerca de um ano em Florianópolis. O namorado da filha dele, João Matheus Ceole, viajou de Maringá (PR) para visitar a família e tentou entrar na água. “Desisti. Dá para sentir que puxa. Passa uma corrente fria”, contou. Próximo dele, uma criança brincava na areia. “Ela toma banho pertinho. Ficamos sempre de olho”, justificou Mara Anele, avó da menina.
Daniela e Forte são de risco baixo para Bombeiros
O subcomandante-geral do CBMSC, coronel Marcos de Oliveira, não concorda com o estudo e afirmou que a Daniela é uma praia que não apresenta riscos. “Assim como a do Forte, a Daniela é de baixo risco. Mas toda praia é perigosa e exige cuidados”, avaliou. Nessa temporada, os 1.200 guarda-vidas civis e 250 bombeiros espalhados pelo Litoral catarinense já ressuscitaram 45 pessoas e salvaram 812 banhistas levados por correntes de retorno.
Oliveira explicou que até a próxima tempora será feito um novo estudo para identificar outras praias que precisam de guarda-vidas, como a Daniela e a praia do Forte. “Com a ajuda da associação de moradores, e de forma improvisada, vamos colocar três guarda vidas na praia do Forte ainda nesta semana”, reforçou.
Banhistas inseguros na praia do Forte
Enquanto a assistência não chega, os frequentadores têm medo e ficam receosos. Letícia Pereira e Luis Fernando Pereira, moradores de Ribeirão Preto (SP) estão passando as férias com os filhos e vivenciaram os afogamentos no local. “Antes, a gente já era chato. Isso serviu para eles também verem como é perigoso”, relatou Letícia. Os meninos, de 7, 10 e 13 anos jogavam bola na praia, na tarde de terça-feira, próximo às pedras. “Precisaria ter guarda-vidas. A gente não tem ideia de como pode ser perigoso e chega a perder a noção de distância quando entra na água. Dá a impressão que é uma lagoa. Falta sinalização”, reclamou Luis.
Cuidados na praia
- Crianças não devem nadar sem supervisão de adultos
- Reconheça suas habilidades e seus limites no mar
- Procure não ultrapassar profundidades superiores à cintura
- Evite tomar banho em locais com correntes, obstáculos e nas proximidades de desembocaduras de rios
- Evite mergulhar em locais próximos a costões
- Não nade depois de ter ingerido bebidas alcoólicas
4 comentários:
DENÚNCIA!
Bom dia!
Gostaria de saber se vocês podem me ajudar com a informação de onde consigo efetuar denúncia e conseguir fiscalização.
O que ocorre é o seguinte:
Na praia de Canasvieiras, onde costumo passar férias, o comerciante que aluga cadeiras e guarda-sol está "reservando" todos os lugares na areia, os turistas que chegam com seu próprio equipamento, ficam sem lugar. Isso é ilegal, pois é um espaço público, pertence à União. E não se pode lucrar com o seu uso. Caso possam me auxiliar, agradeço.
Att.
Daniela Polvani
Moro aqui em Canas o ano todo e fico muito estressada quando se aproxima a temporada. O transito piora, o transporte público caro insuportável pela demora e descumprimento de horario, os comerciantes enlouquecem com seus aumentos nos produtos pra lá de abusivos, a praia fica lotada de turistas e de sujeira, sem contar as badernas e lixo espalhados por todo lado.
E cadê a estrutura prometida durante o inverno, pra contemplar não só os turistas mas os proprios moradores do balneario?
Cadê banheiros e chuveiros decentes?
Com a palavra, as "autoridades".
Aguardamos,
Cássia
Ninguém me contou, eu VI!
Quinta-feira, entre 19;30 e 20h...fui dar um passeio com meus cachorrinhos até à beira da praia (não na areia), mas até à da escadaria na saída da Av. Milton Leite da Costa, para observar o mar. Foi constrangedora a cena que presenciamos (eu e outras pessoas). Ali tem um terreno cercado com muro. Serve como esconderijo de consumidores de drogas e prostituição. Sem a menor cerimônia, "eles" escalam o muro, invadem o terreno e "encaram" a quem estiver por perto.
Dá medo!
Se alguém duvida, vá lá e confira...
NOSSA PRAIA NÃO É MAIS A MESMA!
Vejam só o desabafo de um cidadão, no Diário do Leitor do D.C. deste domingo, 8 de janeiro de 2012:
Temporada ao léu
"Em plena temporada, assistimos, mais uma vez, à mesmíssima inficiência e amadorismo do poder público. A cidade não tem esgoto, água, segurança, banheiros e chuveiros públicos, estacionamentos. A cidade está, literalmente, ao léu, como afirmou Guga. A ineficiência já provocou mortes nas praias, esgarrafamentos monstros, turistas banhando-se em locais poluídos. Essa lerdeza só é alterada pelas denúncias da imprensa, forçando os amadores a agir paliativamente. No dia seguinte às denúncias, a mesmice de sempre. É uma vergonha!
Altamiro Bortolotto Preis
Florianópolis
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