quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Expedição SOS PAPAQUARA

Ana Echevenguá

No dia 19 de novembro de 2011, o SOS CANASVIEIRAS, juntamente com as associações de pescadores locais, realizou uma expedição no rio Papaquaras, Florianópolis-SC. Foi batizada carinhosamente de SOS PAPAQUARA. Uma proposta de José Luiz Sardá que, de imediato, foi aceita pelo grupo. Os rios do norte da Ilha da Magia carecem de especial atenção. Estão poluídos, fétidos, sem qualquer proteção... recebem toda espécie de dejetos; como se suas águas não fossem vitais.

Sardá também providenciou o empréstimo das embarcações. Os jornalistas da RIC Record nos acompanharam e, no mesmo dia, levaram ao ar as imagens e depoimentos dos participantes. O jornal A Notícia do Dia também publicou material referente ao evento. Agostinho Nicolini, do jornal Floripa Norte da Ilha, também nos acompanhou e falará a respeito na próxima edição.

Alguns órgãos oficiais foram convidados; mas ninguém apareceu.

O dia ensolarado – que nos surpreendeu com algumas pancadas de chuva - permitiu capturar imagens de um rio que sobrevive de teimoso. Vimos construções e restos de material de construção destruindo suas margens, canos derramando esgoto em suas águas mansas e escuras, garrafas de bebida, cadeiras, botas, isopor boiando em seu leito... o forte de cheiro de esgoto, em alguns trechos, era insuportável.

Os pescadores – que cresceram em contato direto com rio - lembraram que, antigamente:

- pescavam robalos de até 8 quilos por ali. (Hoje, só pesca ali quem não sabe que as águas estão poluídas. E os poucos robalos que sobrevivem pesam, em média, 2 quilos);

- pegavam siri da casca azul em abundância. (Hoje, esse bichinho desapareceu);

- tomavam banho naquelas águas, que eram mais profundas e, obviamene, limpas;

- havia areia branca em alguns trechos da beira do rio. Era uma prainha pra diversão nas tardes de domingo...

A proposta inicial de percorrermos 1.500 metros do Papaquara restou inviabilizada. O excesso de vegetação no leito do rio impediu a passagem dos barcos. Vegetação que só cresce em virtude da poluição ali existente, concluiu Sebastião dos Santos, atual presidente do CONSEG Canasvieiras. Não podemos ir muito além da ponte Xavier, no Canto do Lami; uns 800 metros, mais ou menos.

Ou seja: constatamos também que o rio não é mais navegável.

A manhã de sábado foi produtiva. Verdadeira aula de educação socioambiental ao ar livre. Com pessoas apaixonadas pela Mãe Natureza. Apesar da indignação com o tratamento dispensado ao rio, o clima de festa e descontração pairava no ar.

As imagens que capturamos serão divulgadas para alertar a comunidade sobre a necessidade de defender e preservar o Papaquaras e todos os rios do norte da Ilha. Por enquanto, estão disponíveis no facebook do Soscanasvieiras.

Agradecemos aos pescadores que tornaram possível a nossa saída de barcos. E não podemos esquecer o seu pedido de fazermos uma visita ao rio Ratones, que também está experimentando os mesmos problemas...

Um comentário:

Sidnei disse...

Dois comentários: 1) O nome correto é Lamim ( e não Lami), nome que fazia referência inicialmente ao Canto do Lamim (próximo de onde saíram os barcos) mas que recentemente passou a identificar toda a região.
2) O Gabinete do Vereador Dinho estava representado na atividade, mandato que já acionou diferentes Órgão para intervenção nestas áreas (Deinfra, para desassoreamento, Floram sobre ocupações irregulares e outros órgão para instalação de infra-estrutura na região). O gabinete encontra-se a disposição para fortalecer ações que visem proteger os Rios...e o mar.
Saudações.